Neste domingo (07) completam-se 24 anos da morte de Cazuza (1958-1990), um dos grandes letristas do rock brasileiro. A efeméride foi lembrada por Roberto Frejat, parceiro mais constante do poeta, na arrebatadora apresentação do cantor no I Love PRIO Festival de Inverno, na noite do último sábado (06), na Marina da Glória, Centro do Rio de Janeiro.
– Amanhã (hoje) completam-se 34 anos da morte de Cazuza. Ele não está mais aqui, não fisicamente, mas sua obra está aí para mostrar que ele não morreu. O poeta está vivo! – saudou o músico após a pungente “O poeta está vivo”, parceria com Dulce Quental, e antes de apresentar sua versão para “Codinome beija-flor”, clássico de Cazuza.
Sim, o poeta está vivo e mostrou sua assinatura em algumas das memoráveis parcerias com Frejat. E a mistura abarcou parte significativa da produção do Barão Vermelho, do qual foram os fundadores, e da parceria que perpetuou-se após Cazuza deixar o grupo sendo prontamente retomada em seguida pelos amigos-irmãos.
E o público cantou a plenos pulmões clássicos da dupla como “Malandragem”, “Bete Balanço”, “Maior abandonado”, “Exagerado”, “Por que a gente é assim” e a sempre contagiante “Pro dia nascer feliz”. Sim, Cazuza está vivo e Frejat mostra-se, aos 62 anos um compositor criterioso nas suas escolhas – e a parceria com o poeta Mauro Santa Cecília é prova disso – como um cantor vigoroso. E o resultado dessa mistura é puro êxtase.
E já que estamos falando de poetas, façamos jus a outro nome precioso da lírica pop: Arnaldo Antunes. O grande compositor usou do metal que traz na voz para fazer um belo apanhado de sua trajetória. O roteiro misturou temas da época dos Titãs (“O pulso”, “Comida” e “Televisão”) como parcerias com os Tribalistas Marisa Monte e Carlinhos Brown (“Passe em casa” e “Velha infância”) abrindo alas a obras-primas da carreira solo como o samba “Alegria”.
E coube a Nando Reis encerrar a noite – e a tarefa foi executada com chave de ouro. A memória de Cássia Eller (1962-2001), reavivada por Frejat, seguiu presente no set do ex-Titã, com joias como “All star”, “ECT”, “Relicário” (lançada originalmente por ele) e “O segundo sol”, com a qual encerrou a noite.
Nando elencou sucessos e, generoso, abriu uma brecha para seu filho, o violonista Sebastião Reis, brilhar. O músico, integrante da banda Colomy, cantou “Dona”, canção de Sá e Guarabira e um dos carros-chefes do Roupa Nova. O rapaz disse a que veio com a plateia cantando em coro. Bonito ver que os gostos musicais podem ser respeitados – e render belos frutos. Afinal, como reza uma das canções dos Titãs, “riquezas são diferenças”.
Crédito das imagens: Cristina Granato