Garota de Ipanema e do Brasil

julho 1, 2024

Marina Lima encerra turnê no Rio de Janeiro e acende o crepúsculo com homenagens a Gal Costa e a Tom Jobim

“Não preciso voltar porque nunca parti”. Com essa frase , Marina Lima respondeu ao clamor do público que, no fim da tarde do último domingo (30), pedia para ela voltar a morar no Rio de Janeiro. A artista escolheu a cidade onde nasceu para encerrar a turnê de “Nas ondas da Marina”, encerrando também, a edição deste ano do Vivo Praia que levou à Praia de Ipanema, Zona Sul da cidade,  shows de grandes artistas nos dois últimos finais de semana.

E o mar revolto não intimidou o público que lotou o local. E até a garoa que caia sobre a cidade, marcando enfim o início do inverno, deu uma trégua para Marina fechar com chave de ouro a agenda de apresentações. A euforia da artista era visível, e razões não faltavam.

Um dos motivos era a presença na plateia de alguns de seus amigos, com direito a dois nomes que acompanham há muito sua trajetória: seu irmão e parceiro numa leva de canções, o imortal Antonio Cícero, e Leo Jaime. E a artista aproveitou o fato de estar naquela maravilha de cenário para um afago: incluiu no roteiro sua versão para “Garota de Ipanema”, o clássico de Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980) recriado por ela no LP “Próxima parada”.

Marina abriu também uma brecha para homenagem àquela que é uma de suas referências na música: Gal Costa (1945-2022). E, para tanto, escalou a participação especialíssima de Filipe Catto, que homenageia Gal no show “Belezas são coisas acesas por dentro”.  Juntas, dividiram os vocais em dois números do tributo: “Hotel das estrelas” (Duda Machado e Jards Macalé) e “Dê um role”, de Morais Moreira (1947-2020) e Galvão.  E as duas cantoras e o público eram puro amor, da cabeça aos pés.

–  Depois da Filipe só mesmo o Apocalipse – constatou Marina numa alusão `a frase da fotógrafa Thereza Eugênia, presente na plateia e autora de registros históricos da MPB.

Mas o mundo não acabou. O clima festivo foi apimentado pela entrada no palco de fãs da artista, com direito a presença de Leo Jaime. O plano era o de dançarem ao som de “Mesmo que seja eu”, parceria de Roberto e Erasmo Carlos (1941-2022) imortalizada por Marina no álbum “Fullgás” (1984). Findo o número, Marina pediu a Leo Jaime: “Não vai embora, pois você me viu compondo a próxima canção”. Foi a deixa para ela atacar de “Charme do mundo”, que abre o magistral LP “Certos acordes”, de 1981.

O grand finale foi ao som de “Fullgás”, numa escolha mais do que apropriada. Não por se tratar de mais um dos grandes hits da artista, mas pelo fato de a canção traduzir bem a alquimia ali instaurada. O público abre-lhe os braços e, juntos, eles fazem um país. Um lugar onde a dignidade e o respeito às diferenças são plenamente possíveis. E isso graças a essa eterna garota chamada Marina.

Crédito das imagens: Cristina Granato

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