‘Quase não se vê estórias de amor’

fevereiro 17, 2024

O galã mexicano Gael García Bernal arrebata a Belinale em 'love story' futurista, como conta Rodrigo Fonseca

*por Rodrigo Fonseca

Dos dias em que deu uma carona a Luciano Huck, em Ipanema, durante a campanha promocional de “Diários de Motocicleta”, lançado há 20 anos, o galã Gael García Bernal guardou o sorriso vívido e o desejo de explorar culturas bem diferentes de seu México natal. Revelado no drama “E sua mãe também” (2001), ele fez filme com Fernando Meirelles (“Ensaio sobre a cegueira”) e Hector Babenco (1946-2016) em “O passado”, pautado por seu respeito pelo Brasil nas telas. O interesse dele em saber (mais) sobre realidades distintas da sua e o riso generoso que ostentava nos tempos em que viveu Che Guevara (1928-1967) sob a batuta de Walter Salles levaram o astro e diretor mexicano a aceitar o papel central de “Another end“, um dos 20 longas em disputa pelo Urso de Ouro da Berlinale 2024.

–  Começamo a jornada de dar palavras a um processo que precisa deixar as dúvidas em aberto, um processo em que o corpo é um invólucro da alma, mas é também um elemento essencial à memória. Esse assunto se torna importante num tempo em que falamos muito de tecnologia e ela parece ser capaz de dar conta de tudo. Mas, hoje,, em que há uma demanda de resposta para o tudo, há questões que ficam – disse Gael, na entrevista coletiva de estreia de “Another end” na capital alemã. –  A cultura ocidental ainda trata o corpo de forma muito distanciada da experiência da vida – complementou ele.

As reflexões trazidas pelo ator de 45 anos se referem ao fato de seu personagem em “Another end”, Sal, ser o sobrevivente de um acidente de trânsito no qual perdeu sua mulher. A trama se passa num mundo com tons futuristas, típicos de ficção científica, no qual uma empresa ajuda pessoas em luto a trazer seus mortos de volta a partir de um experimento químico. Em meio a esse processo, Sal esbarra com uma garota de programa (vivida por Renate Reinsve) que se parece com seu grande amor.

–  Há poucos filmes tão românticas quanto este. Não quero soar como um velho, falando sobre o passado, mas quase não se vê estórias de amor –  disse o ator, que tem em seu currículo um Globo de Ouro de Melhor Ator conquistado por “Mozart in the jungle”.

O sucesso de Gael, que dispara como favorito ao prêmio de Interpretação, coincide com o fato de um filme egresso do México ter se tornado o concorrente mais badalado do Festival de Berlim, desde o início do evento, na quinta: “La cocina“, de Alonso Ruizpalacios. É uma trama superagitada, em preto e branco, na qual a câmera não sossega um só segundo, ao falar dos bastidores de um restaurante de Nova York repleto de imigrantes na equipe de cozinheiros.

A Berlinale segue até o dia 25. Na véspera, o júri presidido pela atriz Lupita Nyong’o anuncia os vencedores.

*especial para o NEW MAG

Renate Reinsve e Gael Garcia Bernal na coletiva de imprensa de “Another end” no Festival de Berlim

 

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