O ano era 1992 e, no palco, estavam Maria Padilha, Jacqueline Laurence e Thales Pan Chacon (1956-1997). Eles estrelavam “No coração do Brasil”, uma das joias teatrais escritas por Miguel Falabella. Num dado momento, a iluminação baixava e um canhão de luz iluminava o alto de uma escada. Nela, uma mulher loura dava alguns tragos no cigarro até descer ao palco. A louraça em questão era a travesti Camille K, já cultuada nas revistas LGBTQIA+ e que fazia, na ocasião, seu primeiro espetáculo teatral.
Camille e Falabella voltariam a trabalhar juntos em “A pequena mártir de Cristo Rei”, desta vez sem o mesmo êxito de “No coração do Brasil” devido a desavenças entre os atores do elenco. A artista, nascida Carlos Alves, morreu aos 78 anos nesta segunda-feira (12). Seu corpo será velado nesta terça (13), a partir das 13h, no Crematório São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte do Rio de Janeiro, sendo cremado às 15h.
– Camille era uma dama. Elegante, discreta, engraçada. Foi uma honra tê-la em duas das minhas produções – comenta Falebella com exclusividade ao NEW MAG destacando a seguir: – Uma alma boa e um coração terno, sempre com uma palavra amiga e afetuosa.
A artista ganharia mais notoriedade no show “Divinas divas”, cujo elenco trazia ainda Rogéria (1943-2017) e Jane di Castro (1947-2020), entre outras travestis de renome. A iniciativa motivou a atriz e diretora Leandra Leal a realizar o documentário “Divinas divas”, tributo merecido ao grupo de artistas.