‘Sempre gostei de qualquer tipo de música’

março 4, 2022

Supla fala sobre seu legado no rock, manda recado para Rita Lee e encara o desafio de atuar numa série de humor

A música sempre fez parte da vida de Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy. No Brasil ou nos EUA, onde passou parte da infância, o menino sempre esteve atento ao que seus pais ouviam. E seus pais são simplesmente Eduardo Suplicy, hoje ex-senador e um dos políticos mais respeitados do país, e a sexóloga e política Marta Suplicy, que falava abertamente sobre sexo no “TV Mulher” (programa matinal exibido pela TV Globo no início dos anos 1980). David Bowie e os Rolling Stones levaram o menino para o rock e, a partir dos anos 1980, Eduardo deu vez (e voz) a Supla, artista que é uma peça-chave no Rock Brasil, que completou 40 anos. A internet e as redes sociais levaram sua música às novas gerações. E o público vai poder conhecer mais uma faceta do artista em “Novelei”, primeira série produzida pela Globo juntamente com o YouTube. Ele topou a parada motivado pelo desafio de trabalhar com o humor. Sim, Supla tem todo um jeitão de bad boy, mas quando se tem a oportunidade de conversar com ele (como NEW MAG teve), vemos que ele é um cara educado, elegante, bem informado e, sim, bem humorado. Na certa, vai tirar de letra mais esse desafio.

‘Novelei’ é a primeira série produzida pela Globo em parceria com o YouTube. Nesse trabalho, o humor dá as cartas. Como foi aceitar o convite e encarar esse desafio?

Well, I always liked the challenge (Bem, eu sempre gostei de um desafio), ainda mais com humor. E toda essa galera que estava participando comigo me deixou animado, ia ser uma coisa diferente. Falaram que ia ser uma coisa meio improvisada, meio maluca e eu falei “Ok, let’s do it” (vamos fazer!), e aceitei o desafio. Eu curti!

Sua mãe, Marta Suplicy, teve a coragem de falar sobre sexualidade na TV, quando o tema era um tabu. Em casa, vocês sempre falaram abertamente sobre tudo ou havia algo impróprio para menores?

Em casa, a gente sempre conversou sobre tudo, sempre na educação. Meu pai e minha mãe sempre foram pessoas com a cabeça muito aberta, cada um tendo a sua opinião, respeitando e conversando sobre qualquer assunto, de boa mesmo.

Você foi influenciado pelo movimento punk, surgido nos anos 1970, flertou com o rock pesado e, mais recentemente, com a bossa nova. Como foi essa transição?

Eu sempre gostei de qualquer tipo de música. Na escola, aqui no Brasil, teve uma época em que a gente aprendeu a música do Dorival Caymmi (e cantarola):  “Minha jangada vai sair pro mar”… Depois, morei muito anos nos Estados Unidos quando criança, e escutava o que tocava no rádio, o que meus pais escutavam, que era tipo Carole King e Bob Dylan, mas também tinha discos de artistas brasileiros. Lembro de um do Chico Buarque. Eu era muito criança e esses artistas foram as primeiras coisas que realmente entram pelo meu ouvido. Quando voltei para o Brasil, já mais velho, meus vizinhos eram super fãs de David Bowie, Beatles, Rolling Stones. Isso entrou forte na minha mente e eu montei minha banda. Com 13 anos, já estava tocando na noite de São Paulo. E só depois que veio o Punk. Gostei muito do visual, a energia me atraiu muito. Depois a bossa nova, que sempre esteve dentro da minha mente de uma forma ou de outra. Foi aí que criei a punka nova, junto com meu irmão (o músico João Suplicy). Isso deu tão certo que a gente saiu tocando pelo mundo.

Rita Lee é uma artista que sempre te deu muita força. Ela está mais reclusa, cuidando da saúde. Tem algo que gostaria de dizer a ela e que ainda não disse?

O que eu posso dizer da Rita Lee é que sempre foi uma grande inspiração pra mim. Ela sempre curtiu bossa nova também. Engraçado você falar isso, ela sempre foi uma roqueira e nunca seguiu o óbvio, sempre deu as suas opiniões, sempre foi contestadora. A única coisa que eu posso falar para a Rita é desejar muita saúde e que ela faz falta. Ela não está mais fazendo shows, e é sempre bom vê-la ao vivo, tocando e cantando. Manda um beijão pra ela e pro Roberto (de Carvalho). Gosto muito!

Maysa foi casada com André Matarazzo, da sua família. Sendo cantora, quebrou barreiras na época. Você ouvia histórias sobre ela na infância?

Sempre admirei a interpretação, o jeito de a Maysa cantar. Mas não me lembro de ouvir sobre ela na minha infância.

O Rock Brasil completou 40 anos. Como você avalia a sua contribuição nesse movimento?

Minha contribuição para o rock nacional é você acreditar em você. Belive in your self! Acredite em você mesmo. Pelo número de mensagens que eu recebo, é uma inspiração estar aí até hoje e conseguir fazer uma carreira com a música, tocando rock and roll. Um aspecto importante foi a minha reinvenção na internet. Devido às redes sociais, muita molecada hoje me conhece e curte as músicas antigas, como “Garota de Berlim”, “Humanos”, “Green hair” e as novas, como “SuplaEgo”, “Parça da erva” e “Kung fu on you”. Nunca recebi tantas mensagens de garotos e garotas cantando “Green hair, purple hair” com o cabelo pintado como no ano passado.

 

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