Ao longo de quase 60 anos de carreira, Chico Buarque compôs, juntamente com Edu Lobo, trilhas para dois balés. Agora é a vez de os clássicos criados por Chico juntamente com Francis Hime inspirarem pela primeira vez um espetáculo de dança. O inédito “Francisco(s)” (re)une não somente os dois parceiros, que criaram obras-primas entre 1972 e 1984, como marca o reencontro entre a Studio3 Cia de Dança e a Orquestra e o Coro Acadêmicos da Osesp. As apresentações acontecem neste fim de semana (dias 17 e 18) na Sala São Paulo, com ingressos distribuídos uma hora antes das sessões.
O cancioneiro de Francis e Chico compõe a segunda das três suítes do balé, cujos arranjos são assinados pelo próprio Hime sob a regência de Wagner Polistchuk . E estão lá “Passaredo” e “Meu caro amigo”, lançadas por Chico em 1976, além das pungentes “Trocando em miúdos” e “Atrás da porta”, lançada por Elis Regina (1945-1982) em 1972, inaugurando a parceria entre os autores.
Com coreografias de Anselmo Zolla e direção cênica de William Pereira, o espetáculo destaca os diferentes aspectos da lírica buarqueana, ressaltando sua poesia e o olhar sobre o país, através de temas como “O que será”, “Rosa dos ventos” e, voltando à parceria com Francis, “Pivete”, retrato da nossa desigualdade social gravado por Chico em 1978, quando o país sinalizava que a ditadura estava por ruir.
A ideia do balé surgiu após Zolla e Pereira serem convidados pela Fundação Osesp para, mais uma vez, levarem a Studio3 ao palco da Sala São Paulo. Impactado pelo show recente do gênio da MPB, Pereira queria um espetáculo no qual as várias facetas do artista pudessem ser mostradas – e dançadas.
– Acho que teremos um belo espetáculo, que fará jus à importância da obra deste meu querido parceiro – celebra Francis, antecipando o viés comemorativo das apresentações: – E pode, quem sabe, representar o começo das comemorações pelos 80 anos de Chico.
Pois é… Chico completa oito décadas de vida em 2024. E NEW MAG descobriu que outro Francisco, bem mais moço, é também uma das razões do espetáculo: o filho da bailarina Vera Lafer, fundadora da companhia.
A homenagem estende-se aos tantos Franciscos espalhados pelo país, e faz, por tabela, uma ode a todos nós, brasileiros.