Um gênio da música brasileira completou 80 anos. E as comemorações acontecem em novembro, com um CD duplo e a volta do grande artista ao palco. Estamos falando de Edu Lobo, um dos nossos mais brilhantes compositores. Parte de seu cancioneiro foi reunida por ele no CD “Edu Lobo oitenta” (Biscoito Fino), com arranjos de Cristóvão Bastos e as participações luxuosas de Monica Salmaso, Zé Renato, Ayrton Montarroyos e Vanessa Moreno (atenção a ela). As 23 canções do álbum serão apresentadas na próxima quarta (08), quando Edu e seus convidados sobem ao palco da Sala Cecília Meireles, no Centro do Rio de Janeiro, em noite que promete ser histórica.
Chegar às 23 canções escolhidas não deve ter sido fácil, ainda que um critério tenha norteado a escolha: não se trata de um álbum de sucessos, como comumente acontece num projeto celebrativo, mas de canções que ficaram nos lados B dos álbuns e projetos lançados ao longo de quase 60 anos de carreira fonográfica.
E o que importa é que, sim, são bonitas as canções – todas elas. O compositor privilegiou o cancioneiro constituído com três dos seus principais parceiros: Cacaso (1944-1987), Aldir Blanc (1946-2020), presente com “Ave rara”, Paulo Cesar Pinheiro e, claro, Chico Buarque, coautor de 13 das faixas, incluída aí “Uma canção inédita”, que fecha o projeto.
E Vinicius de Moraes (1913-1980) não poderia ficar de fora. O grande Poetinha, que deu sua bênção ao samba do então iniciante Edu num fim de semana serrano, faz-se presente com o samba que inaugura a parceria dos dois, “Só me fez bem”, e com “Silêncio”.
E muitos dos temas compostos originalmente para espetáculos estão presentes. Do célebre “O grande circo místico”, criado como trilha para balé do Guaíra, estão “Beatriz”, “Ciranda da bailarina”, “Sobre todas as coisas” e a canção-título do projeto.
Edu Lobo chega aos 80 anos e joga luz sobre algumas das pérolas buriladas ao lado de grandes poetas da canção. “Edu Lobo oitenta” é mais do que um relicário de canções. Trata-se de uma caixa de joias cujo valor é imensurável. Tal e qual a arte de Edu Lobo.
Crédito da imagem: Nana Moraes