Uma autora inesquecível

fevereiro 20, 2022

No dia em que Ivani Ribeiro completaria 100 anos, lembramos de cinco novelas antológicas criadas pela escritora

Há exatos 100 anos, nascia no Brasil uma autora que deixaria uma marca indelével nas telenovelas brasileiras. Você certamente não faz ideia de quem seja Cleide Freitas Alves Ferreira, mas, se tem mais de 40 anos, sabe muito bem quem foi Ivani Ribeiro.

Seus primeiros textos foram ouvidos e não vistos. É na Rádio Bandeirantes que a então atriz e apresentadora dá seus primeiros passos como autora, adaptando peças teatrais para o rádio-teatro daquela emissora.

Sua estreia como autora de novelas dá-se na Tupi e, com a falência da emissora em 1980, ela e boa parte do elenco migram para a Bandeirantes. É nessas duas emissoras que Ivani escreveu textos que se tornaram antológicos para o público. Muitos deles foram reescritos e adaptados na TV Globo, onde estreia em 1982, com “Final feliz”, e onde trabalha até sua morte, em 1995. A seguir, elencamos cinco novelas inesquecíveis dessa autora única.

Amor com amor se paga (1984)

“Sanduíche de coração”… Assim rezava o refrão do tema de abertura de “Amor com amor se paga”. Inspirada na peça “O Avarento”, de Molière, a novela juntava as tramas de duas outras, escritas por Ivani na Tupi. Já consagrado como ator de teatro e TV, Ary Fontoura viveu Nonô Corrêa personagem em cuja casa a geladeira era trancada com cadeado, fazendo com que os filhos – Tomaz (Edson Celulari) e Elisa (Bia Nunes) — passassem por uma série de privações, como ficar dias com as luzes desligadas. O nome Nonô Corrêa passou a ser usado nas ruas quando alguém era chamado de pão-duro. Foi a primeira novela em que Claudia Ohana atuou e a que fez com o que o Oberdan Junior, então um menino,  conquistasse o país com o seu Zezinho.

A gata comeu (1985)

Em recente entrevista à NEW MAG, Christiane Torloni disse ter beijado os homens mais bonitos da TV brasileira. Um deles foi Nuno Leal Maia, seu par romântico na trama e com quem sua personagem vivia às turras. A trama conquistou o público por levar parte do elenco a uma ilha deserta, onde tinha de sobreviver. A novela era ambientada no bairro da Urca, Zona Sul do Rio, e tinha um elenco mirim que conquistou o país. Entre os atores revelados ali, Juliana Martins seria, anos mais tarde, a protagonista da primeira temporada de “Malhação”, e Raphael Alvarez é hoje diretor de cinema nos EUA.

Hipertensão (1986)

A novela foi o remake de “Nossa filha Gabriela” (1971), grande sucesso de Ivani na Tupi. O enredo deu a Maria Zilda Bethlem (então Maria Zilda) a oportunidade de viver sua primeira protagonista. E, na ocasião, contracenou com três grandes atores brasileiros: Ary Fontoura, Paulo Gracindo e Claudio Corrêa e Castro. Carina, sua personagem, estabelece laços afetivos com Romeu (Fontoura), Candinho (Gracindo) e Sandro (Castro). Ela não sabe, mas um deles é seu pai, e o mistério é mantido até o último capítulo. Outro mistério que prendeu o público foi o assassinato de Luzia, papel com que a excelente Claudia Abreu estreou na TV. A novela também projetou como galã o então comunicador Cesar Filho, que vivia um radialista na trama.

Mulheres de areia (1993)

Mais uma novela adaptada de um grande sucesso de Ivani na Tupi. Se na trama original, Eva Wilma conquistou o país ao interpretar as gêmeas Ruth e Raquel, essas mesmas personagens fizeram com que Glória Pires mostrasse ao país a grande atriz que de fato é. Os recursos tecnológicos possibilitaram à atriz contracenar consigo própria, nos momentos em que as gêmeas se encontravam. Isso acabou provocando em Glória uma estafa, levando-a a se afastar das gravações por um breve período. Outros dois tipos cairiam no gosto do público: Tonho da Lua, interpretado por Marcos Frota (o jeito de o personagem falar seria imitado nas ruas) e a mimada Malu Assunção, interpretada por Viviane Pasmanter.

A viagem (1995)

De temática espírita, a novela é mais um remake da autora e um dos grandes fenômenos da TV brasileira. Tanto na vez em que essa nova versão foi exibida quanto nas vezes em que foi reexibiida, teve grande audiência, tanto na TV aberta quanto atualmente no streaming. A trama é certamente o momento mais marcante de Guilherme Fontes na TV. Alexandre, seu personagem, comete um crime e acaba detido, cometendo suicídio na prisão. Seu espírito acaba atormentando a vida daqueles que lhe viraram as costas na época da sua condenação. Em especial, Otávio Jordão (Antonio Fagundes), Raul (Miguel Falabella), seu irmão, e Téo (Maurício Mattar), seu cunhado. A novela deu a Christiane Torlone (Diná) e Andréa Beltrão (Lisandra) a oportunidade de mostrarem as grandes atrizes que são.

Crédito das imagens: TV Globo.

 

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