Estima-se que aproximadamente 2,3 milhões de pessoas no Brasil convivam com as sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), mais de 500 mil delas com alguma incapacidade grave. Os dados do Ministério da Saúde trazem o recorte da realidade de pessoas como Antero, personagem do ator Waldo Piano na peça “Avental todo sujo de ovo”. Ele também está no ar como o Joel na novela “Vai na fé”, da TV Globo. Em temporada até quinta-feira (25) na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, o ator precisou fazer trabalho de preparação corporal para compor o protagonista do espetáculo.
– Pesquisei muito sobre sequelas do AVC, também dificuldades de locomoção, atrofia de membros e de parte do rosto. O desafio é passar todo o tempo em cena, com um lado inteiro do corpo paralisado, tendo que andar e falar com muita dificuldade. São horas de ensaios exercitando essa técnica para entregar o melhor Antero possível – conta Waldo, parceiro de cena das atrizes Ana Carolina Rainha, Cissa Maria, Bibi Anne e Lucrécia Prieto na peça.
Antero é idoso, nordestino, brejeiro, criado no interior e não entende o motivo do sumiço de seu filho adolescente. Personagem carismático, surpreende o público ao ver que o ator que o interpreta, ao final da peça, não tem sequelas de AVC.
– A surpresa ao me verem sem as sequelas, tendo acreditado que eram reais, foi a melhor resposta que pude ter como ator – disse Waldo, que também elogia o trabalho de Mário Cardona Jr, diretor do espetáculo – Vi o quanto todos se identificam com os personagens, querendo acolher, abraçar, e o melhor, querendo a continuidade da história que fala do amor incondicional em família, pais e filhos, saudade, diversidade, preconceito e liberdade de escolha – conclui.
Crédito da imagem: Fabrine Reis