Valeu a espera

abril 24, 2023

Chico Buarque recebe Prêmio Camões em cerimônia em que foi saudado pelo presidente Lula

“Hoje já é outro dia”. Com essa frase, uma corruptela do refrão de “Apesar de você”, o presidente Luís Inácio Lula da Silva saudou o compositor e escritor Chico Buarque na entrega do Prêmio Camões, na tarde (no Brasil, início da noite em Sintra) desta segunda-feira (24), no Palácio de Queluz, em Portugal. Escolhido em 2019 para a láurea, a mais importante da língua portuguesa, Chico esperou quatro anos para recebê-la.

– Se hoje estamos aqui para essa reparação histórica é porque finalmente a Democracia venceu – declarou Lula, destacando a seguir: – Esse prêmio é uma resposta do talento contra a censura. A obra do Chico acompanha toda a História do Brasil.

Chico ironizou a longa espera pelo prêmio, assim como a recusa do então presidente Jair Bolsonaro de reconhecer a honraria. O  artista disse que o agora ex-presidente teve a fineza de não sujar o prêmio com a sua assinatura, “deixando espaço em branco para o nosso presidente Lula assinar”.

A cerimônia contou com as presenças do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, com a dos ministros da Cultura do Brasil e de Portugal, Margareth Menezes e Pedro Adão e Silva, além de personalidades da área cultural como o escritor moçambicano Mia Couto e as cantoras Fafá de Belém e Carminho.

Chico aproveitou a ocasião para homenagear a memória do pai, o historiador Sergio Buarque de Hollanda (1948-2016), e por tabela, a do poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), amigo de ambos:

– Penso no meu pai, o historiador Sergio Buarque de Hollanda, de quem herdei alguns livros  e o amor pela língua portuguesa. Mais tarde, não se aborreceu quando enveredei pela música, longe disso, pois era amigo de Vinicius de Moraes. Posso imaginar meu pai coruja. Se estivéssemos aqui, eu estaria na assistência e ele recebendo o prêmio.

Outro nome lembrado pelo homenageado foi o do poeta João Cabral de Mello Neto (1920-1999). Chico lembrou que conheceu Portugal em 1966, quando excursionou àquele país com a montagem de “Morte e vida Severina”, na qual musicou o poema de Cabral. Na ocasião, Chico lembrou o exílio na Itália, poucos anos depois, e rechaçou a ideia de deixar o Brasil.

– Já morei no exterior e não tenho planos de repetir essa experiência, mas é bom saber que tenho essa porta entreaberta em Portugal.

Crédito da imagem: Reprodução

 

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