Nosso mundo é ela quem faz

fevereiro 3, 2022

Marina Lima cai na estrada com show no qual revisita o passado e mostra-se atual como sempre

Era o ano de 1979 quando uma menina chamada Marina lançou “Simples como o fogo”, LP que marca sua estreia no mercado fonográfico. Ela não estava só. Naquele ano, o país viu surgir outras cantoras de responsa (Angela Ro Ro, Elba Ramalho, D. Ivone Lara e Zizi Possi, entre outras). O governo militar estava nos seus estertores, e o país começava a respirar depois de tempos sufocantes.

O tempo passou e Marina Lima consolidou seu nome como um dos mais relevantes da cena artística e musical do Brasil. Desde sua estreia, sempre aliou seu canto à defesa da liberdade (feminina, amorosa, comportamental e a de pensamento). Ela nasceu moderna – e assim continua. E sempre usou de sua voz para discutir as principais mudanças pelas quais a sociedade passou. E essas discussões deram-se através de canções autorais (muitas delas com o poeta Antonio Cícero, seu irmão) ou com as de compositores por ela interpretados (Claudio Zoli, Dalto, Cazuza, Herbert Vianna, Kiko Zambianchi, entre outros).

Em 2019, Marina completou 40 anos de carreira. O plano era celebrar, mas, no ano seguinte, a pandemia da Covid-19 virou o mundo pelo avesso. Não seria prudente arriscar (e amar até o fim). O jeito foi esperar (Oh, dura vida!).

Nessas quatro décadas, Marina lançou 23 álbuns e acompanhou de perto as transformações no mercado fonográfico. Foi do LP e do K7 ao CD. Atenta às novidades, aproximou-se dos samplers e de outros adventos tecnológicos. Hoje, mostra-se à vontade no terreno do streaming. Prova disso é “Motim”, EP lançado em  plena pandemia com apenas quatro faixas – todas pungentes e certeiras. O olhar da artista continua apurado.

Esse mesmo olhar com que ela mira o presente, olha também para o passado. E o resultado é um novo show, com que ela cai na estrada este ano. “Nas ondas da Marina” mescla canções de trabalhos recentes àquelas ligadas à memória afetiva de milhões de brasileiros, de diferentes gerações. A estreia no Rio está prevista para 26 de março, na festa Mug.

A compositora e a intérprete caminham juntas há muitos verões. Difícil (tolo até) dizer qual delas é a melhor. Ousada, coerente, articulada, inteligente… São muitas as Marinas que ela traz consigo. E que fazem dela uma artista única. Única no jeito de cantar e compor. A menina seguiu pela picada aberta por Rita Lee e Lúcia Turnbull e empunhou também sua guitarra. Mostrou que uma artista podia ir além das possibilidades trazidas por esse instrumento. Que bom que assim ela o fez.

E assim faz ela – para nossa alegria.

Posts recentes

Sintonia fina

Paulinho Müller reúne amigos em confraternização antecipada (pero no mucho) de fim de ano

Momento lindo (no palco)

Roberto Carlos brilha em especial de fim de ano cuja gravação primou pelas falhas logísticas e de produção