Segura de si, bela e bem resolvida com sua sexualidade, a atriz Bruna Linzmeyer falou sobre os temas na tarde da última terça-feira (7), durante entrevista sobre seu novo trabalho: o filme “Medusa”, dirigido por Anita Rocha da Silveira, que estreia nos cinemas na quinta-feira da próxima semana (16).
– Beleza pra mim é autoestima, é autoconfiança e muita gente tem minado isso das mulheres. A gente segue tacando fogo na cara de mulheres que tem liberdade e segurança. Esses signos todos me interessam na personagem – comentou Bruna, que atua no filme como Melissa, uma mulher que foi desfigurada por ser devassa.
Produzido em 2021 e premiado em diversos festivais internacionais, como na Quinzena dos Realizadores de Cannes e no Festival Internacional de Cinema de Toronto, o longa “Medusa” finalmente chega ao grande público em março de 2023. A trama, que em esboço era um futuro distópico, acabou se tornando um universo alternativo: o filme apresenta um grupo de mulheres que tentam se ajustar à padrões normativos estéticos e comportamentais, enquanto são fortemente influenciadas pelo discurso conservador e fascista do pastor da igreja que frequentam.
O thriller de Anita é um terror cujo objetivo de causar reflexão se sobrepõe ao de causar susto. Há elementos de humor, para compensar a carga pesada do longa-metragem, enquanto os telespectadores podem imergir na história da protagonista Mariana (Mari Oliveira) e sua busca por fazer parte do meio. No processo, a personagem se perde, enquanto questiona tudo ao seu redor – o que faz, o que escolheu, o comportamento das pessoas ao redor, o preconceito estrutural.
O tema debatido é vanguardista, mas a influência estética é saudosista: na coletiva, Anita afirmou ter usado como referência de coloração e enquadramentos os filmes de terror da década de 1970 e 1980. O padrão cinematográfico também foi utilizado em “Mate-me, por favor”, filme dirigido pela diretora em 2015. Segundo Anita, “Carrie” (1976) foi uma forte influência para “Medusa”, tanto no campo estético quanto no aspecto de filme de terror com protagonismo feminino.
Na mitologia grega, Medusa era uma das sacerdotisas do templo da deusa Atenas. Após ser violentada e assediada pelo deus Poseidon, Atenas amaldiçoa Medusa com cabelos de cobra e olhar petrificante por ter profanado o ambiente sagrado. Em paralelo, o filme brasileiro fala sobre mulheres vítimas do machismo estrutural, onde são constantemente punidas pelas ações errôneas cometidas por outros homens, das quais são vítimas. O elenco do filme “Medusa” também conta com Thiago Fragoso, Carol Romano, Felipe Frazão, entre outros.