Um nome levou o saxofonista brasileiro Leo Gandelman a ser um dos grandes da nossa música. Esse nome é o do compositor e saxofonista Wayne Shorter, que morreu aos 89 anos nesta quinta-feira (02). Leo sentia-se se profundamente inspirado pela arte de Shorter, considerando-o a maior influência na sua formação e trajetória. O músico falou ao NEW MAG sobre o legado do mestre, que, ao longo da vida, recebeu 11 Grammys.
– Eu trabalhava como fotógrafo e ficava revelando fotos ouvindo sem parar aquele sax do Wayne. Sou músico desde pequeno, estudava música clássica na flauta e no piano, mas foi quando comecei a escutar o Wayne e o som do Weather Report que decidi tocar sax. Aí que eu desmontei meu laboratório e fui viver de música – rememora Leo destacando a importância do músico: – O trabalho do Wayne é muito especial. Ele foi um músico único. A vida inteira ele foi original, trabalhando com as próprias ideias, vindo de uma época em que cada músico traçava o seu próprio caminho. Ele criou uma forma de tocar que influenciou milhões de músicos no mundo inteiro.
Muitos brasileiros amantes da música instrumental foram inspirados pelas obras de Wayne, mas o artista também bebeu da nossa fonte. Publicado em 1975, o álbum “Native dancer” foi uma colaboração do saxofonista americano com Milton Nascimento. Apesar de “Ponta de areia” e “Milagre dos peixes” terem sido mais aclamadas, foi “Ana Maria” que abriu os olhos – no caso, ouvidos – de Gandelman e para sempre iluminou sua trajetória musical:
– Ele foi um dos criadores da linguagem do jazz. Ele tocou com o coração, de forma única, extremamente pessoal e original. Mestre não é quem ensina, é com quem se aprende, então posso dizer que ele é meu mestre: ensina-me com sua música, um eterno mestre.