Memórias em p&b

fevereiro 27, 2023

O olhar de Evandro Teixeira sobre a ditadura inspira exposição no Instituto Moreira Salles, em São Paulo

Evandro Teixeira tinha 38 anos quando, em 1973, foi designado pelo Jornal do Brasil para ir ao Chile. O profissional chegou à fronteira no dia 11 de setembro, dia seguinte ao golpe militar que levou à morte o então presidente Salvador Allende, mas só conseguiu entrar no país no dia 21. O episódio seria marcante na vida e na carreira daquele  jovem fotógrafo, que documentou fatos como o bombardeio ao Palacio de La Moneda, os presos políticos reunidos no Estádio Nacional e o enterro do poeta Pablo Neruda. As fotos realizadas naquele país são o cerne da exposição “Evandro Teixeira, Chile, 1973”, que o Instituto Moreira Salles de São Paulo inaugura em março.

A mostra é composta por 160 imagens em preto e branco feitas por Evandro, que dedicou ao fotojornalismo seis décadas de sua vida, sendo 47 anos ao JB, onde consolidou seu nome entre os mestres da fotografia no país.  A exposição traz ainda imagens feitas no Brasil na mesma época, estabelecendo, assim, um diálogo entre os dois países, geridos por governos militares. A mostra é enriquecida também com máquinas fotográficas e crachás de imprensa, entre outros objetos pessoais do artista.

Além de driblar a ditadura chilena, Evandro precisava ser rápido no trato e no envio das imagens ao Brasil. Ele transformou em laboratório o banheiro do quarto onde se hospedara e enviava as para o JB através de um aparelho de telefoto. Essa e outras histórias serão lembradas pelo fotógrafo no dia da abertura da mostra. Na ocasião, ele participa de bate-papo com a jornalista e articulista de O Globo Dorrit Harazim, que estava no Chile na época, e Sergio Burgi, curador da mostra.

Soldado chileno diante dos presos políticos no Estádio Nacional do Chile

MAIS LIDAS

Posts recentes

Gil luminoso

Personalidades prestigiam show de Gilberto Gil que voltou ao Rio de Janeiro com direito a participação de Djavan