A parteira que trouxe Martinho José Ferreira ao mundo prenunciou que aquela criança teria muita sorte. E, de fato, ela não estava errada. O fator sorte ajudou, mas outro, o talento, foi fundamental para Martinho da Vila consolidar seu nome como um dos grandes da nossa música. De uns anos para cá, ele concilia a criação musical com a literária, através da qual se aprofunda em temas relacionados ao legado da cultura africana no país e à ancestralidade dos povos trazidos como escravos.
E o quesito ancestralidade inclui a dele próprio. Desse mergulho ele traz à tona “Memórias de Teresa de Jesus” (Editora Malê), na qual narra estórias da própria família sob o prisma de Dona Teresa de Jesus Ferreira, sua mãe. E o vaticínio da tal parteira é um dos episódios reavivados. Com o lançamento, marcado para segunda-feira (06), na Travessa do Shopping Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, Martinho celebra seus 85 anos.
– Sou mesmo uma pessoa de muita sorte, nasci no interior, morei em favela e consegui subir na escala social, o que é muito difícil para os negros e pobres de uma maneira geral. Então, eu sou um predestinado – reconhece o artista.
Sorte maior é a do Brasil.