Grandeza e generosidade

fevereiro 1, 2023

O legado de Cleonice Berardinelli, que morreu aos 106, é avaliado por Júlio Diniz, do Centro de Ciências Humanas da PUC

“Dona Cleonice será recebida por Fernando Pessoa e levada por ele diretamente a Deus”. A frase foi proferida pela cantora Maria Bethânia ao saber pelo professor Júlio Diniz,na noite da última terça-feira (31), da morte da professora Cleonice Berardinelli. Decano do Centro de Ciências Humanas da PUC-RJ, ele foi aluno e, anos mais tarde, colega de Dona Cleonice, que morreu aos 106 anos.

Grande conhecedora da Literatura em Língua Portuguesa, em especial da poética de Luís de Camões e de Fernando Pessoa, Dona Cleo, como era carinhosamente chamada, notabilizou-se como referência nesse segmento, sendo eleita para a Academia Brasileira de Letras em 2009 . Em depoimento ao NEW MAG, no início da tarde desta quarta-feira (1º de fevereiro), o professor Julio Diniz fala da dimensão e do respeito alcançados pela professora ao longo de sua trajetória.

–  O legado é incalculável, não somente por sua dedicação ao estudo da literatura em Língua Portuguesa como pela profissão de fé de ter sido uma educadora num país como o nosso – destaca o professor chamando atenção para uma característica importante da mestra:  – Dona Cleonice transpôs todos os limites e os obstáculos entre as duas culturas e foi responsável por formar gerações e a mim, inclusive.

Uma das características destacadas pelo professor é a da generosidade, fosse com os alunos (e eles não foram poucos), com os colegas de profissão e com as pessoas que, por diferentes razões, a procuravam para ouvi-la:

– O trabalho dela foi pautado pela grandeza, pela generosidade e pelo interesse que ela tinha pelo outro. O Oceano Atlântico não é mais uma grande distância a nos separar. Ele é agora uma avenida e devemos isso à Dona Cleonice. Ela agora deve estar ao lado de Camões e de Eça (de Queiroz) e conversando com Pessoa e seus heterônimos.

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