Quando estreou “Fale mais sobre isso”, em 2015, Flavia Garrafa não imaginava que a comédia ficaria em cartaz por oito anos. A marca, que também simboliza o infinito, vem bem a calhar. Assistido por mais de 25 mil pessoas, o espetáculo tem para a atriz um valor que vai além dos números alcançados. Escrito em 2012, ele marca a estreia da atriz como autora. E, com ele, ela volta ao Teatro Renaissence, em São Paulo, para celebrar, a partir de 13 de janeiro, 30 anos de carreira.
Flávia é uma das mais talentosas comediantes da sua geração. Acontece que deitar nos (merecidos) louros não é do seu feitio. Ela desejava, há algum tempo, realizar no palco algo que tratasse do que ela vivenciou nas duas áreas de formação: a psicologia e as artes cênicas. Aqueles que forem ao teatro em busca de relatos autobiográficos, terão de lidar com um tema comum para muitos terapeutas: a frustração.
– Os pacientes são inspirados na vida real, mas não em uma experiência minha como psicóloga ou de qualquer outra pessoa. Eu pensei em como seriam essas pessoas no psicólogo. Acho que são tipos muito comuns que se comportariam de maneira muito peculiar em um consultório – explica a atriz.
Se a família é razão para muitos traumas e questões a serem resolvidas no consultório, a atriz viu nela o estímulo para levar ao público um resultado ainda mais verdadeiro. E escalou o irmão, Pedro Garrafa, para a direção da montagem, idealizada por Pedro Vasconcelos.
Dependendo da linha escolhida pelo terapeuta, a relação com o paciente pode ser muito formal e protocolar. Flávia quis mostrar também o lado mais humano da figura do terapeuta:
–As falas das outras personagens acabam por decifrar quem é a psicóloga, seus medos e questões.
