Diretor de arte de shows de nomes como Marisa Monte, Paralamas do Sucesso e dos Tribalistas, Batman Zavareze tem tarimba quando se trata de grandes eventos. Um, em especial, vai ficar marcado na memória do artista: o Festival do Futuro, que, no último domingo (1º de janeiro), após a posse do presidente Lula, levou à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, shows de 50 artistas. Apelidado carinhosamente de Lula Pallooza, o evento foi idealizado pela primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, que recrutou Batman e dois craques: o diretor-geral Warley Alves e o diretor de arte e cenógrafo Andrey Hermuche.
Juntos, os três ralaram e comandaram uma equipe que sonhou juntamente com eles. Muitas foram, por exemplo, as ideias para o palco. Acabou prevalecendo a que reproduziu um dos lados do losango da bandeira do Brasil, cuja ponta representava também uma seta apontando para o alto. A inspiração foi a obra “Okê Oxóssi”, criada por Abdias do Nascimento (1914-2011) em 1970. Só a montagem do palco levou dez dias e aconteceu debaixo de chuva.
O sol apareceu justo no dia da apresentação, que entrou pela noite. Após virar a noite, Batman chegou a Florianópolis, no início da tarde desta segunda-feira (02), para apanhar os filhos, que ficaram aos cuidados da sogra. Após dormir por módicas duas horas, o diretor conversou com NEW MAG e fez um balanço do evento.
– Fui chamado para ser um “maestro”, ou diretor artístico, e, num evento dessa dimensão histórica, simbólica e estética para um país, você precisa ter escuta. E o que eu fiz foi, além de escutar, sonhar, criar, fazer, errar e, amorosamente, pilotar um cenário que era uma seta para o infinito do céu, com muitos artistas visuais e musicais, poesia, gastronomia e cinema – reconhece.
No trajeto para Florianópolis, a ficha foi caindo aos poucos. As muitas mensagens recebidas de amigos e de seguidores foram dando a ele a consciência do quão emocionados todos ficaram. “Só faço chorar”, escreveu Zavareze, pelo whatsapp antes de iniciarmos a conversa, interrompida em dois momentos pela emoção:
– Tudo só seria impactante se emocionássemos. Foi um marco. Um marco de um novo Brasil e para mim, pessoalmente, sabendo da dimensão histórica e profissional, era lembrar a cada segundo que jamais a cultura e a arte iniciaram um novo governo no Brasil e no mundo com essa força e dimensão poética e de identidade. A cultura e a arte deram as bênçãos no primeiro ato desse governo!
E que elas continuem a abençoar esse país e a todos nós!
Crédito das imagens: Deivyson Teixeira (alto) e Ricardo Stuckert Filho