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dezembro 1, 2022

Fotobiografia revela como Alfredo Sirkis foi da guerrilha à principal voz brasileira pela ecologia

A vida de Alfredo Sirkis (1950-2020) daria um filme. Um thriller pleno de ação e aventura. Na juventude, pegou em armas como integrante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sob a chancela de Carlos Lamarca (1937-1971). Exilado na França, nos anos 1970, trabalhou no Libération, onde conheceu o casal-sensação do pensamento moderno: Simone de Beauvoir (1908-1986)e Jean-Paul Sartre (1905-1980). De volta ao Brasil, ajudou a fundar o Partido Verde (PV) quando temas como mudanças climáticas ainda eram um tabu por aqui. Sirkis tem merecidamente sua vida passada a limpo em “Alfredo Sirkis – Para você saber de mim” (Tix), fotobiografia organizada pela editora Ana Borelli, sua companheira por quase 30 anos.

Ao longo de 436 páginas, a obra apresenta um painel fidedigno de Sirkis, que dedicou ao ativismo ambiental 52 dos seus 70 anos de vida. Há desde imagens raras do então jovem barbudo expatriado (além da França, ele viveu no Chile e em Portugal) e com figuras com as quais dividiu os ideias por um país mais igualitário como Chico Mendes (1944-1988), Fernando Gabeira e Marina Silva. A fotobiografia traz também registros com importantes lideranças mundiais como o Dalai Lama e Al Gore, vice-presidente dos EUA na gestão de Bill Clinton.

“Através desse trabalho pude (…) relembrar cada momento vivido, dividido, das causas em que militava, das vitórias que conquistava, do tanto que ele realizou, e das muitas batalhas que travou por um Brasil melhor. Essa foi a maneira que encontrei de viver o meu luto”, explica Borelli na introdução da edição.

A obra traz também textos de Roberto Ainbinder e Pedro Nogh, entre outros nomes. O lançamento está marcado para 08 de dezembro, quando Sirkis faria 72 anos, na Casa Firjan, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. No mais, é como disse Drummond num de seus mais célebres poemas: “Mas as coisas findas\muito mais que lindas\ essas ficarão”. E isso vale para Alfredo Sirkis, que tinha o verde na fala assim como no coração.

Sirkis nos tempos do exílio. Ativista viveu na França, no Chile e em Portugal antes de regressar, em 1979, ao Brasil

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