Durante 24 anos, a jornalista Cláudia Gaigher teve o privilégio de acompanhar de perto as belezas do Pantanal, um dos mais ricos biomas brasileiros, ameaçado por conflitos de terras e pela má gestão pública. O dia a dia dessas reportagens é contado no livro “Diário de uma repórter no Pantanal”(Documenta Pantanal), que a jornalista lança nesta sexta-feira (07), na Livraria da Travessa de Pinheiros, São Paulo.
– Tivemos aqui, no início dos anos 2000, uma disputa fundiária que permanece até hoje, com vários assassinatos de lideranças indígenas, e a demora do poder Judiciário e do Executivo em definir quais são as áreas tradicionais e ancestrais. Mais do que isso: existe aqui uma prática que também se replica em outras regiões do Brasil, em que a União e o poder público chancelam a ocupação de áreas indígenas por conta do agronegócio. Essa cultura de impunidade faz com que nossas flora e fauna também estejam constantemente pressionadas – explica a jornalista.
Com reportagens exibidas no Fantástico, no Globo repórter e no Jornal Nacional da TV Globo, a jornalista capixaba reúne, no livro, 30 histórias urgentes sobre o bioma, como a cobertura dos grandes incêndios que ocorreram em 2020, catástrofe que fez 30% da região pantaneira virar cinza. Destaque também para os brutais assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que mostraram o alto risco enfrentado pelos profissionais dedicados à defesa e preservação do meio ambiente no Brasil.
– O que tento compartilhar com meus escritos é esse amor que eu tenho por ter nascido no Brasil, por me orgulhar das diferenças que compõem a nossa identidade, a nossa alma. E, mais do que tudo, me orgulhar dessa biodiversidade que só o Brasil tem. Se eu puder plantar essa semente no coração e na mente das pessoas e fazer com que elas tomem uma atitude, vou ter ganhado o melhor dos prêmios e presentes – arremata Cláudia.