As eleições do último domingo (2) tiveram uma disputa acirrada entre o presidente e candidado à reeleição, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após a apuração dos votos, Simone Tebet e Ciro Gomes, que ficaram em terceiro e quarto lugar, respectivamente, aguardam as definições dos partidos que os apoiaram para definirem de qual lado da disputa ficarão. O cientista político Guilherme Carvalhido falou com o NewMag e fez uma previsão dessas negociações.
– Simone Tebet deu o seu recado de apoio a Lula. Disse para o presidente do Cidadania, Roberto Freire, e o do PSDB, Bruno Araújo: ‘eu já decidi, vocês tem que tomar uma decisão, eu não dependo de vocês’. Vamos ver se os partidos que estão ao redor dela vão fazer a mesma coisa. Inclusive, ela pode mudar o domicílio eleitoral dela para São Paulo porque o status dela no estado natal, Mato Grosso do Sul, não vai prevalecer porque a direita lá é muito forte – afirma Carvalhido.
Já em relação a Ciro Gomes, o cientista político vê uma postura de neutralidade:
– Ciro é uma incógnita. Ele tende a ficar neutro. Mas quando ele falou após a sua derrota, vi a possibilidade de uma negociação com o PT. Só que vai depender de como isso será feito. O PDT pode apoiar Lula, mas ele, individualmente pode se neutralizar.
As eleições tiveram como destaque a vitória de partidos de direita no Congresso, como o PL, que assumiu boa parte da bancada, e uma conquista maior de candidatos homens nos cargos de Governador e Senador. Ao mesmo tempo, mulheres e pessoas LGBTQIA+ tiveram maiores conquistas nos cargos de deputado federal e Estadual.
– Está havendo uma maior participação feminina na política. A tendência é aumentar cada vez mais, e isso é um ponto muito positivo. Com relação à quantidade de partidos conservadores eleitos, só mostra que a sociedade brasileira é mais conservadora do que progressista. Muitos de nós não conseguimos ver ainda o peso desse valor – explica Carvalhido.
Antes de o povo ir às urnas, as pesquisas do Datafolha apontavam uma possível vitória de Lula no primeiro turno com 50% de votos. Na prática, o resultado foi diferente. Lula venceu com 48% e Bolsonaro atingiu 43, 6%. O cientista político apontou os erros e acertos da pesquisa e enfatizou a importância de a sociedade entender que os números são tendências e probabilidades, mas que podem falhar.
– As pesquisas erraram em subestimar Bolsonaro e não captaram a força do Bolsonarismo. Com o Lula acertou na mosca, dentro da margem de erro. É preciso lembrar que existe um número de indecisos e eles foram em direção a Bolsonaro. As novas pesquisas vão ajudar a verificar se grande parte dos votos que saíram de Ciro e Simone também foram para Bolsonaro. Se forem verdadeiras, as pesquisas também não conseguiram pegar essas tendências – arremata Carvalhido.
Crédito da foto: Reprodução (Agência UVA)